Terça-feira, 18 de Outubro de 2005
Diz a lenda, que há muito, muito tempo, numa casa de madeira velha e muito pobre, vivia uma velhinha.
Esta velha senhora, vestia pobremente, e andava sempre de negro. Apenas lhe conheciam a capa que a cobria. Uma capa preta.
Ninguem sabia quem ela era, mas comentava-se, que tinha ido viver ali na praia, para poder ver o mar, e chorar pelo seu amor, que por ele fora levado.
Era conhecida por ser solitária, e viver ali, na casa de madeira, em pleno areal e bem perto do mar.
Não a assustavam as intempéries, nem o facto de viver só. Ali passava os seus dias, vagueando pela praia até ao entardecer.
Dizem alguns pescadores, que de manhã, muito cedo, ainda o sol não rompera, já ela caminhava ao longo da praia, olhando o mar, com olhos vazios. Como se esperasse alguem...
Alimentava-se de algum peixe que os pescadores lhe davam. Em troca, rezava por eles, e ficava de vigília, olhando o mar, desde a hora a que os barcos partiam, até ao seu regresso. Depois, calmamente, dirigia-se à barraca que lhe servia de casa, só saindo de lá, na madrugada seguinte.
Dizia-se que em tempos tinha sido uma senhora de posses, a quem os desgostos da vida, para ali a remeteram, como se fosse despojos, de um barco naufragado.
E assim viveu este pobre senhora, o resto da sua vida.
Uma bela manhã, os pescadores estranharam. A velhinha de negro, não estava lá, para rezar por eles na partida. Também ninguem a viu de vigia.
Quando alguem se dignou a procurá-la, encontrou um corpo inerte, frio, tapado com uma capa preta. A capa preta que a acompanhara a vida inteira. Suja, andrajosa, a sua capa.
Junto da capa, uma carta.
A velhinha, deixara a sua capa em testamento, a todos os pescadores da aldeia.
Todos estranharam este facto.
Mas quando pegaram na capa, para moverem o corpo, repararam que esta era muito, muito pesada.
Ao abrirem o forro da mesma, depararam com um tesouro valiosíssimo, preso, e cosido no seu interior.
A partir desse dia, compraram barcos novos, e fundaram uma associação de pesca.
Foi nesse dia também que os pescadores da aldeia, puderam ter vidas melhores, e mais dignas.
Foi nesse dia que a aldeia se passou a chamar:
Costa da CapaRica
Domingo, 16 de Outubro de 2005
Lembram-se do Tamagochi?
Aquele bonequinho querido, virtual, que tinhamos de alimentar e dar carinho para que sobrevivesse?
Pois bem, um dia ofereceram-me um.
Olhei para ele, e achei-o tão amoroso, que desde logo o baptizei: Amor.
É isso, tive um Tamagochi chamado Amor.
De início, dei-lhe toda a minha atenção, todo o meu carinho.
Alimentava-o a horas, brincava com ele, dava-lhe mimos.
Estava lindo, crescia a olhos vistos. Era o meu Amor!
Mas...
Os dias foram passando, e o interesse pelo meu Amor também.
Deixou de ser novidade. Começava a ser uma obrigação.
Esquecia-me frequentemente de o alimentar, já não tinha tempo para brincar com ele, e quando o fazia, era mesmo "porque tinha que ser".
Não pensei nas consequências...
Um dia, tive uma surpresa. Após algum tempo de abandono, o meu Amor, morreu....
Sexta-feira, 14 de Outubro de 2005
Olho calmamente em redor.
Faz muito tempo que aqui não venho.
Quando fechei esta porta, e saí, não pensei que fosse por tanto tempo.
Sei que nesse dia, o sol brilhava lá no alto, e o calor que se fazia sentir, era sufocante.
É isso, saí em pleno verão.
Hoje, voltei.
Está um dia calmo, um pouco frio, e algo acinzentado. Um dia de Outono.
Outono, a minha estação preferida.
Nunca soube explicar porque gosto tanto do Outono.
Serão as cores das árvores, de folhas douradas?
Será o cheiro a terra húmida?
Será a visão do mar, agora mais revolto?
Será o cheiro e o aconchego das castanhas assadas?
Ou será simplesmente, saudade das minhas roupas de inverno, dos serões calmos a ler um livro, ouvindo a chuva bater nas vidraças, enquanto o lume crepita na lareira?...
Não sei explicar, mas o Outono, exerce em mim, um poder estranho.
Sinto uma calma inexplicável, uma vontade imensa de renovar, criar, fazer coisas novas. Mas tudo isto sem pressa, apenas deixando fluir a criatividade, deixando que as coisas aconteçam.
Foi bom voltar, voltar no Outono.
Até já...