Meu Deus, faz hoje trinta e um anos!
Recordo perfeitamente este dia.
Preparava-me para ir p'ra escola, e estrear umas sandálias da "moda"!! Tinha oito anos.
A minha mãe estava assustadíssima, e não me deixou ir. Fiquei triste! Aquelas sandálias, eram o supra sumo da época! Eu queria "botar" figura!
Mas não pôde ser. Fiquei em casa, atenta , tentando perceber do alto dos meus oito anos, o que se estava a passar! Escusado será dizer que na altura, não percebi nada...pese os esforços do meu pai, em explicar-me!
Morava muito perto dos comandos da Amadora, e dizia-se que havia canhões apontados aquela zona. Se havia, nunca foram disparados, felizmente!
E assim, a revolução deu-se sem acidentes. O grito de "guerra" foi lindo, "E depois do adeus", aquele belo poema de José Niza, aquela linda melodia de José Calvário, magnificamente interpretada pelo Paulo de Carvalho. Lembro-me como se fosse hoje!
E depois, as armas, não dispararam balas; mas sim, cravos vermelhos!
Portugal renasceu!
Passaram trinta e um anos, e apesar de ter ficado um pouco decepcionada, com o rumo que o país levou desde então, ainda clamo: Viva o 25 de Abril! 25 de Abril, sempre!